Algumas Observações a respeito de Ys I & II Chronicles +
1. O combate por trombada (não há um botão para dar espadada, você só tem que correr na direção do monstro de maneira que trombe com ele sem ser de frente) é uma excelente maneira de representar a coragem de Adol em desbravar uma terra desconhecida do nada e estabelece o “espírito aventureiro” dele de maneira muito mais lúdica do que falar “você é muito aventureiro mesmo!” como jogos posteriores da série costumam fazer.
2. O sistema de magia de fogo do segundo jogo expande isso mais ainda, pois você precisa entrar na linha de fogo para conseguir acertar de volta e sempre desviar no último segundo. Não dá pra fugir de suas responsabilidades mesmo mantendo distância do problema, só mudar o método com o qual você lida com tais responsabilidades.
3. Apesar da última parte do primeiro jogo também ser bem legal, a do segundo jogo é magnífica. Metade do jogo envolve ficar indo e voltando de seu último templo com alguns objetivos que começam lá e terminam em vilas e vice-versa, além da demonstração de como funciona a burocracia entre os vilões ser um melhor ensaio neorrealista sobre o atual sistema político e governamental do que qualquer tese acadêmica de ciências sociais que saiu desde 1987 (o ano de lançamento da versão original). O acesso às novas áreas se dá por passes de permissão e disfarces e não por abstrações como pulo duplo ou um tiro de outra cor.
4. A magia ser completamente banida no final do segundo jogo quando a pérola negra é destruída foi uma decisão bastante corajosa pois se fosse seguir sensibilidades atuais seria muito mais normal apresentar uma mensagem de parcimônia em relação ao uso do que selecionar o caminho da guerra às drogas como a medida correta. Sua barra de mana sumir junto foi um excelente toque, especialmente porque não tem mais nada jogável depois que isso acontece, então foi só um charminho não-pragmático (o melhor tipo de charminho, que o separa de manipulação).
5. Na versão Chronicles+ tem um túmulo dizendo “aqui jaz Dana”, sendo que a tal Dana só foi aparecer no Ys 8, quase vinte anos depois.
6. A pronúncia é Is mesmo e não Ais ou Uais. Confiem no próprio idioma.
7. É melhor ativar a limitação de oito direções do que deixar o jogo com movimento 100% analógico por questão de precisão, tanto pro combate corpo a corpo quanto pra magia. Tem uma lição escondida aí.
8. A Falcom devia parar de clonar o mesmo compositor para todos os seus jogos, mesmo que o tal compositor clonado ad infinitum seja o Yuzo Koshiro com 20 anos de idade.
9. Também não há um botão de interação, o modo como você fala com as pessoas é trombando com elas da mesma forma que faz para vencer os monstros. Quem decide se alguém é amigo ou inimigo é o próprio Adol, portanto. Eu já projetei na minha cabeça um jogo de tiro em que todas as interações sejam através de dar um tiro em alguém – falar com NPCs, comprar coisas em lojas, construir sua casa, até se mexer com o coice das armas (atirar pra frente te faz ir pra trás, etc). Ys é a materialização mais próxima desse conceito que eu já vi fora do meu videogame favorito que é meu próprio cérebro.