ESSE NÃO É UM TEXTO SOBRE SEKIRO: SHADOWS DIE TWICE
Sekiro: Shadows Die Twice saiu no dia 22 de março. Hoje é dia 26 e, pra decepção de todos, esse texto não é sobre Sekiro: Shadows Die Twice (e muito menos sobre as sombras que morrem duas vezes).
Existe um princípio (minimalista? Nucleista?) comunicativo que prima pela esguiez e simplicidade mensagísticas: o que pode ser dito em menos palavras deve ser dito em menos palavras. É possível enaltecer a brilhância do necessário e o porquê de sua necessidade: não se arrisca perder o que importa por se adicionar o desnecessário.
Penso que essa diretriz não se aplica a nada praticamente. O floreio é bonito, é gostoso, diverte, seduz, alegra, irrita e enoja. Muitas vezes, é no desnecessário que está o brilhantismo. Tomemos como exemplo algumas piadas e me desculpem se alguma ofender. É que havia poucas com a multiplicidade de formas que ilustrassem bem o que quero dizer.
PRIMEIRA PIADA
Um tio meu contava muito essa. É uma piada que mescla o “haha se deu mal!” com o “que doideira!!” (duas abstrações péssimas do que é humor, humor é, graças a algo, irredutível). A piada é a seguinte: um valentão tenta intimidar ao máximo um coitado num bar (o coitado é coitado em todos os sentidos) e falha em absoluto. Na última tentativa ele toma a bebida do coitado e descobre que a bebida do coitado era veneno. O coitado não ligava, pois queria se matar.
Eu não estudei o texto da piada o suficiente pra tentar podar as desnecessidades. Talvez tenha sucedido em ser seco e falhado em manter o jardim do necessário, só sei que não foi engraçado. Não importa, pois aí os trapalhões…
SEGUNDA PIADA
Quem tá lendo é otário.
TERCEIRA PIADA
A performance lá dos Trapalhões é maximizadora da capacidade humorística do desnecessário textual e eu nem consegui pensar em como encher linguiça na segunda piada. O curioso é que essa segunda piada nem precisaria estar ali. Espero que tenha sido engraçada.
Infelizmente a terceira piada é às custas de gaúchos (e infelizmente também de são-paulinos, por causa do criador do vídeo): “como fazer para quatro gaúchos sentarem em um banquinho?” é a piada e eu poderia responder escrevendo, mas vejam o vídeo que furta das palavras a descoberta.
Essa piada está aqui em parte porque fui provocado, em parte porque o vídeo é muito engraçado conhecendo a piada, em parte porque “Luiggi” e Mariana, e principalmente por ser igualmente ótima em qualquer de suas formas.
QUARTA PIADA
O mais sensacional dos fenômenos anti-dogmatismo-minimalista é quando o supérfluo supera e substitui o elemento essencial original. O maior dos exemplos é esse. “Ô pata pata” é uma coisa que me desperta gargalhadas só de ressoar sussurrantemente na vozinha do meu cérebro. Ô PATA PATA, filho da puta.
MORAL DA HISTÓRIA (OU, POPULARMENTE, OU, IRONICAMENTE, PUNCHLINE)
Discriminar quanto à necessidade de algo sublime quanto a materialização do pensamento racionalizado linguisticamente é uma grande bobagem positivadora, e esse texto foi a única forma de que consegui para dizer, de forma extensa o suficiente a ser aceita como texto nesse site, que eu queria mesmo era ter escrito sobre Sekiro: Shadows Die Twice e não consegui. Ainda. Isso não faz com que esse texto seja sobre Sekiro: Shadows Die Twice.