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foda-se

Sempre tem aquele babaca que se acha melhor, né? [NOTA PRÉ-CORREÇÃO: descobri esses dias que um gaúcho amigo meu acha que “né” é um traço idiomático gaúcho por excelência, meio maluco né?] Se você balançou a cabeça e concordou de qualquer forma (com o fato da plena e plural existência do babaca que se acha melhor, né, não com a gauchidade do “né”, né), então cuidado. Pode ser que você seja o babaca que sempre acha que o outro é babaca por se achar melhor, ou que o outro é um babaca e se acha melhor, ou que o outro é babaca por te achar pior, ou que te achar pior é ser babaca.

E é por volta desse parágrafo o momento de se perguntar, “VAMOS COM CALMA, HYNX (o outro Samuel). MELHOR COMO?”, e aqui eu vou te dizer: Não sou Hynx; e também vou te dizer: de muitas, diversas e curiosas maneiras.

O perigo dessa conversa é que sempre existem pessoas que não entendem o escopo do texto e ficam tentando adivinhar. Vocês que são assim fiquem calmos: o valor intrínseco do ser humano é sempre o mesmo, seja você um bombeiro ou um tirolês. O critério avaliativo aqui tem a ver com o site: Melhor Ou Pior Em Jogos. Jogos enquanto atividades culturais são muito semelhantes às outras que geram círculos sociais, desenvolvem linguagem própria e cativam membros: eles causam confusão. O grau de confusão depende em partes iguais da atividade e dos membros. Penso que esses são, também, codeterminantes entre si.

Esse texto, claro, é sobre um jogo em específico, uma comunidade em específico e, em específico, sobre um aspecto em que se é “melhor ou pior”, não “bom ou ruim”.Sei que alguém fatalmente apontaria essa distinção para dizer que as pessoas Chatas Mesmo, Desagradáveis De Verdade, são aquelas que usam “bom ou ruim” liberalmente ao falar dos outros. Sabe, falta de tato, mas não se deixe enganar: existe muita união e conforto no campo dos ruins. Quem nunca se sentiu bem por estar junto de pessoas também ruins nas mesmas coisas que você? A desigualdade tem um papel psicológico importante, não é tão fácil se mesclar com quem consideramos muito diferentes.

Tá bom, fala do jogo, da comunidade e do aspecto. Tá bom, vou falar, né. É o tema do texto.

Magic: The Gathering.

A comunidade de Magic.

O aspecto pelo qual se é melhor ou pior é “Jogar com decks mais difíceis”.

Empolgante, né? Espero que concorde. (Na realidade espero que discorde pra que eu te convença, palhaço.)

O que fez surgir essa (esquisita) questão foi o seguinte: alguém disse que não existe motivo para se jogar com um deck difícil, afinal o deck é difícil e a gama de motivos para resultados ruins aumenta, você pode errar ou no mínimo não fazer a melhor jogada. O problema do deck difícil está entre a mão de cartas e a cadeira. O que quer dizer, também, que a vantagem do deck difícil está entre a mão de cartas e a cadeira.

A discussão subjacente era uma discussão sobre auto-estima, mesmo que no sentido reflexo, algo como “se tal pessoa se acha Bom e joga com o deck difícil, deveria eu jogar com o deck difícil para me achar bom?” e “se eu não jogar com o deck difícil, será que me considero Bom mesmo?”. A confusão é óbvia e lamentável. Perceber a fraqueza do deck difícil é ótimo. É como você começa a humilhar jogadores melhores: o que está entre a cadeira e a mão de cartas pode decidir importar menos, e é assim que o pior ganha do melhor, independentemente de quem é bom ou ruim. Impedir a influência é influenciar e a chave desse texto é a seguinte —  ouça, ó iluminado e amaldiçoado: pouco importa quem é bom, ruim, melhor ou pior. O que importa é vencer.

Vencedores vencem, perdedores perdem e eu sei que salvei sua vida.

SamuelPX
Um perigo

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